
Agosto 2007
INTRODUÇÃO
Como Pedro Teta, Vice-Ministro da Ciência e Tecnologia de Angola, tenho o prazer de apresentar uma iniciativa revolucionária que está transformando o cenário tecnológico do nosso país. Em 2007, Angola embarcou em uma jornada ambiciosa para abraçar o Software Livre, com um foco especial na promoção do Linux em toda a Administração Pública e na Sociedade Civil.
Este projecto, que tenho acompanhado de perto, representa um marco significativo na nossa estratégia nacional de tecnologia da informação. Ele não apenas visa modernizar nossa infraestrutura tecnológica, mas também cultivar talentos locais e adaptar soluções de software às necessidades específicas de Angola.
A colaboração entre a Comissão Nacional das Tecnologias de Informação Angolana (CNTI) e a Mandriva, uma empresa francesa de serviços de informática, tem sido fundamental para este esforço. Juntos, estamos criando um Centro de Competências em Softwares Livres (CCSL) e desenvolvendo nossa própria distribuição Linux, carinhosamente chamada de Angolinux.
Este texto detalha os principais aspectos desta iniciativa, incluindo nosso programa de formação abrangente, a participação no Projeto Aden para centros comunitários de internet, e nossas perspectivas futuras. Como representante do governo angolano, estou entusiasmado com o potencial deste projeto para impulsionar a inovação tecnológica, promover a inclusão digital e fortalecer nossa soberania tecnológica.
Convido você a ler mais sobre esta empolgante jornada que Angola está empreendendo no mundo do Software Livre.
A política nacional da promoção de Softwares livres toma um novo momento decisivo.
Angola decidiu resolutamente virar-se para os Softwares Livres, lançando-se num ambicioso programa de formação. O objectivo é promover o Linux no seio da Administração Pública e no seio da Sociedade Civil (através de Centros Comunitários), assim como desenvolver localmente os conhecimentos necessários para declinar (orientar) a distribuição Mandriva em função do alvo que citamos: creches, ensino primário, ensino médio, liceus, universidades, administrações, centros comunitários…
A Comissão Nacional das Tecnologias de Informação Angolana (CNTI) e a Sociedade Francesa de Serviços em Informática Mandriva, iniciaram um ambicioso Projecto em Softwares Livres, no dia 2 de Agosto de 2007, com uma duração de 6 meses.
Este projecto inscreve-se no quadro da Estratégia Nacional da Promoção do Softwares Livres em Angola, e visa a criação de um Centro de Competências composto por técnicos da CNTI, responsáveis da área de informática dos ministérios, universitários e gestores de centros públicos de acesso à Internet (os chamados Centros Aden).
À margem das formações, esse Centro de Competências em Softwares Livres (CCSL) basea-se no seu primeiro projecto de grande envergadura, participando localmente com a ajuda de um consultor brasileiro da Mandriva, na elaboração da primeira distribuição angolana, Linux Angolana, baptizada de Angolinux. Baseada na distribuição Mandriva 2008.0, o Angolinux será implementado no decorrer do ano 2008. Uma versão especial que integra o Pacote Aden (Pack Aden) servirá igualmente para equipar os Centros Comunitários Aden.
Uma dupla página no Jornal Nacional (Jornal de Angola, de 11 de Junho de 2007) apresentou as acções da CNTI assim como as grandes linhas do Projecto Mandriva. Os frutos dessa colaboração serão apresentados oficialmente aquando do próximo IT-Forum, que decorrerá em Luanda, de 28 à 30 de Novembro de 2007, em presença do Vice-Ministro da Ciência e Tecnologia Pedro Teta, do Director Geral da Mandriva François BANCILHON e do Serviço da Cooperação e de Acção Cultural (SCAC) da Embaixada da França em Angola.
1. Um programa de formação completo à nivel nacional
Com este projecto, o desafio para a CNTI é duplo. Por um lado, deve dar-se a continuidade na formação técnica e nos métodos próprios sobres os Softwares Livres e alcançar o mais rápido possível o nível desejado na formação dos quadros, e por outro lado, permitir a participação de actores exteriores, dotar-se de uma rede de parceria a ajudará na sua tarefa de coordenação dos grandes planos de acção da informatização do Estado e da sociedade civil, e assim demonstrar o seu papel de coordenador nacional.
Entre os 56 estagiários participantes no programa de formação, destaca-se 17 funcionários da CNTI, 31 responsáveis da área de informática dos ministérios (que se fazem representar), e 8 gestores e animadores de centros Aden.
O programa de formação é por sua vez composta de 11 módulos num total de 736 horas à razão de 2 secções de 3 horas por dia. Os módulos pedagógicos abordam os fundamentos do sistema linux durante o tronco comum (a parte comum da formação), para depois se dirigir nas especializações em administração de sistema de redes, no desenvolvimento de aplicações Web, ou na utilização de ferramenta de tratamento de textos OpenOffice. As certificações Linux Professional Institute (LPI), reconhecidas por empresas à nível internacional e que a Mandriva é habilitada a livrar, pontuarão os 6 meses de formação.
A sociedade angolana Troy Academia foi contratada nesta ocasião afim de disponibilizar uma sala de formação com 25 máquinas interligadas em rede para as aulas teóricas e uma sala de livre acesso (um laboratório) com 10 máquinas interligadas em rede para as aulas práticas.
2. A participação do Projecto Aden
Conclui-se um acordo entre a CNTI e o SCAC para integrar 18 centros comunitários de acesso à Internet financiado pela CNTI no âmbito do Projecto Aden. Os 10 formadores de formadores que sairão do centro de competências daqui à 6 meses, serão enviados em cada uma das 18 províncias para formar outros sobre a instalação e a administração de centros Aden. De momento participam somente ao programa de formação os gestores de 3 futuros centros, financiados pelo o Ministério dos Negócios Estrangeiros Francês (MAE) que serão implementados em Viana (Luanda), Benguela (Benguela) e Ndalatando (Kuanza-Norte).
O ano 2008 deverá portanto contar com a vinda de mais 21 novos centros Aden em Angola, e assistir a integração rápida da comunidade lusófono no portal Africaden.net.
Dois responsáveis do projecto de centros comunitários da CNTI farão parte da delegação angolana aquando do próximo encontro regional em Kinshasa (de 10 à 14 de Dezembro de 2007).
3. Perspectivas
Frente ao sucesso desta operação, está previsto reforçar-se o plano de formação em 2008, e de declinar o Angolinux numa versão adaptada aos servidores das administrações públicas. A CNTI poderá pois assumir uma total homogeneidade e interoperabilidade entre sistemas informáticos dos ministérios e dos centros comunitários, e encorajará assim a compartilha de conhecimentos e de competências necessárias na administração e manutenção.
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