INTRODUÇÃO
A minha comunicação nesta importante conferencia do Estoril tem como objectivo abordar
a questão da educação no contexto dos países em vias de desenvolvimento e em particular
o caso de Angola. Pretendemos também ressaltar a importância da educação no contexto de
Angola e de um pais pós conflito e em reconstrução depois de mais de três décadas de
conflito armado.
Como é do conhecimento geral a Educação por si só nunca foi garante para obtenção dos
melhores resultados do ponto de vista Economico para qualquer Pais. O simples facto de
manter grandes contingentes da população na escola não implica necessariamente o
progresso científico e Técnico e tão pouco económico. O mais importante em todo este
processo é a qualidade do Ensino. Só o carácter qualitativo do Ensino é que é a verdadeira
responsável por mudanças profundas nas estruturas de desenvolvimento dos países.
Para os países em vias de desenvolvimento como é o caso de Angola para além dos
investimentos em infraestruturas escolares é necessário ter em conta também os factores
culturais, familiares, contactos com amigos entre outros bem como as questões de nutrição
e saúde que podem ser identificados para a realidade de Angola como factores
influenciadores para a qualidade do Ensino.
Por outro lado também e necessário ter em conta que o nível educacional da população
adulta de um pais é o resultado de décadas de investimento ininterrupto na educação
esperando-se por resultados de longo prazo e que por questões óbvias nem sempre foi
possível Angola manter este ritmo de investimento necessário.
EDUCACAO FACTOR DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL
A Educação no sentido amplo foi e será sempre considerada um factor importante do
desenvolvimento social e de certa forma um indicador em relação a qualidade de vida da
população.
Neste contexto o Executivo de Angola tem canalizado os seus investimentos em dois
sentidos, nomeadamente:
1. Um relacionado diretamente a quantidade, aumentando o numero de vagas
escolares em todos os níveis de ensino;
2. Outro, um investimento voltado para a qualidade do ensino, focando para os
aspectos da gestão da educação, processo organizacionais, melhoria das
metodologias do ensino;
Temos consciência que a educação causa vários tipos de impactos no desenvolvimento
económico e na sociedade em geral por esta possuir um carácter sistémico de um nível muito
elevado e que se reflete diretamente no desenvolvimento e no surgimento de novas
oportunidades causando um ciclo de progresso em todas as esferas.
Desta forma podemos afirmar que a Educação tem um papel muito importante na criação de
condições para inovação tecnológica. A nossa pergunta é se este modelo se adapta a todos
contextos, se é adaptável ao contexto Angolano com as suas particularidades ou é preciso
inovar o próprio sistema Educacional convencional, introduzindo novos paradigmas como é o
caso da educação para o Empreendedorismo.
Na nossa opinião para o caso de Angola, que vem de um longo período de conflito e que
conquistou a sua Independência a sensivelmente 40 anos com altas taxas de analfabetismo e
que ainda hoje se confronta com níveis altos de pobreza e desemprego no seio da juventude,
pensamos nos ser necessário investir na Educação para o empreendedorismo e assim
introduzir-se o ensino terciário, de forma a criar uma nova cultura, um novo ambiente
produtivo, com autodisciplina, promovendo um conjunto de novas atitudes e cultura para se
atingir as metas preconizadas.
É nossa convicção que o desenvolvimento do ensino terciário inculcando uma nova filosofia nos
estudantes, permitira que os jovens adquiram novas habilidades que normalmente o mercando
de emprego necessita.
No caso concreto dos nossos países em desenvolvimento achamos ser irrelevante o atual
modelo educacional da excessiva carga da educação teórica orientado para o emprego do
“colarinho Banco”. Contudo a mudança do modelo educacional não é suficiente se não se
criar um ambiente macroeconómico estável, saudável para o desenvolvimento Empresarial.
O modelo da Educação para o empreendedorismo pode encontrar também outro entrave
identificado que se caracteriza pelo receio do falhanço e o medo de arriscar para a vida
empresarial.
Para além destes factores de sucesso ou insucesso do empreendedorismo os Governos devem
criar politicas que favoreçam o respectivo empreendedorismo para além da criação de
infraestruturas capazes de alavancar a produtividade e o empreendedorismo.
EMPREENDEDORISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL
A Educação para o empreendedorismo é um dos imperativos para um desenvolvimento
sustentável de Angola. Contudo é necessário esclarecer que tipo de educação para o
empreendedorismo necessitamos?
Para alguns investigadores empreendedorismo é a atividade de iniciar uma empresa, identificar
negocio, arriscar no sentido de fazer lucros através das habilidades educacionais adquiridas.
Para outros definem-se como empreendedor todo individuo que tenha ideias inovadoras e
que as transforme em atividades lucrativas.
Podemos concluir que pretendemos um empreendedor caracterizado como sendo um processo
de junção de ideias criativas e inovadoras acopladas com as habilidades organizacionais e de
gestão capaz de juntar recursos humanos, financeiros e matérias para satisfazer e atingir o
bem estar e as necessidades identificadas.
Ainda existe vozes que opinam no sentido de que o empreendedorismo e o processo de junção
dos factores de produção, que inclui a terra, mão de obra e capital no sentido de satisfazer e
garantir produtos e serviços para o consumo da população.
A definição operacional do empreendedorismo e a vontade e habilidade da pessoa ou pessoas
em adquirirem habilidades educacionais no sentido de explorarem as oportunidades de
negócios, estabelecerem e gerir com sucesso os negócios da Empresa.
Empreendedor é uma pessoa que descobre novos mercados e formas de satisfazer estes
mercados, e alguém que procura mudanças, responde as mudanças e explora as mudanças
para as converter em oportunidades de negócios.
OBJECTIVOS DA EDUCAÇÃO PARA O EMPREENDEDORISMO
A Educação para o empreendedorismo deve ser estruturado para se atingir os seguintes
objectivos:
* Oferecer uma educação funcional para os jovens e que os torne capazes de autoempregarem-se, e autossuficientes.
* Fornecer aos jovens graduados uma formação adequada que os permita serem criativos
e inovadores identificando novas oportunidades de negócios.
* Para que os jovens empreendedores sejam catalisadores para o desenvolvimento e
crescimento económico.
* Criar Instituições do ensino terciário de graduação com adequada formação em gestão
de risco e viabilidade económica.
* Capaz de reduzir as taxas de pobreza.
* Geração de novos empregos
* Reduzir a migração populacional do rural para o meio urbano.
* Fornecer aos jovens graduados uma formação adequada que lhe permita estabelecer
uma carreira no âmbito das pequenas e medias Empresas.
* Inculcar o espírito de perseverança nos jovens e adultos no sentido de serem
persistentes nos negócios iniciados por eles.
* Criar uma transição suave de uma economia tradicional para uma economia moderna.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL
O Conceito de desenvolvimento sustentável requer um equilibro Ambiental, social e económico no sentido de se atingir as metas da qualidade de vida. Sustentabilidade inclui
Equidade Intergeracional. Equidade do género, uma sociedade justa e pacifica, uma sociedade
tolerante, preservação e restauração do ambiente, redução da pobreza e conservação dos
recursos naturais.
As ferramentas essências para se atingir o desenvolvimento sustentável são:
1. Aumento da qualidade do ensino de base;
2. Actualização dos programas de ensino no sentido da abordagem do desenvolvimento
sustentável;
3. Desenvolver uma campanha de sensibilização publica e garantir uma formação neste
domínio para os sectores públicos e privados;
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Evidentemente que Angola está atrasada na preparação da sua força de trabalho para os
desafios da economia global em rápida mutação. Conclui-se que o desenvolvimento sustentável
e a melhoria da economia global depende de uma educação para o empreendedorismo forte. É
neste sentido que são feitas as seguintes recomendações para uma educação focada para o
empreendedorismo efetivo em Angola, África e outras nações: em vias de desenvolvimento.
Governos e outras partes interessadas na educação devem certificar-se de que o
programa educacional em todos os níveis de educação são relevantes para fornecer
aos jovens e graduados as necessárias habilidades empreendedoras.
1. É igualmente recomendado que os governos devem prestar a devida atenção ao
desenvolvimento empresarial nos respectivos países incentivando a participação
individual nos negócios, prosperando o empreendedorismo e, consequentemente,
melhorar o crescimento econômico.
2. E necessário também ter em conta os quatro pilares da aprendizagem ao longo da
vida, nomeadamente:
o aprender a conhecer:
o aprender a fazer:
o aprender a ser:
o aprender a viver juntos.
3. Estes quatro pilares embora pareçam extremamente simples na sua formulação, mais
a sua aplicação não é assim tão trivial num mundo fragmentado onde as diferenças
culturais, linguísticas e culturais alimentam a maioria dos conflitos.
4. Recomenda-se que estes pilares da aprendizagem sejam combinadas com os pilares do
desenvolvimento segundo o banco mundial, nomeadamente:
o Pessoal qualificado, educada e dotada do saber fazer pertinente;
o Instituições de pesquisa e Universidades com excelentes laboratórios;
As Redes de conhecimento entre empresas e centros de pesquisa;
As Infraestruturas de Informação;
5. Estes quatro pilares do desenvolvimento definem a nova sociedade cognitiva e do
conhecimento que devera conciliar de forma harmoniosa os direitos e obrigações.
6. Finalmente recordar que o direito a educação constitui um direito fundamental do ser
humano e que também é um direito moral de cada cidadão.
Prof. Doutor Pedro S. Teta (Ph.D)
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REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
1) UNESCO (2000) – Word Education Report 2000 Paris.
2) MEREDITH,O – 1983 – The Practice Of Enterpreneurship, Geneva
International Labour Office.
3) AJAO WALE (2004) – Neglect Of Technical Vocacional Education
Increase Youth Unemployment-Don – The Vanguard.
4) OMOLAYO B. ( 2006) – Entrepreunership I Teory And Practice.
5) Ivan Luis Tonon – 2009 – Universidade Federal De Santa Catarina.
6) AROGUNDADE, BABATOPE BUKOLA – (2011) Journal Of Emerging
Trends In Educational Research And Policies Studies
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