ESTADO DA ARTE DAS TIC E ESTRATÉGIA DE IMPLEMENTAÇÃO EM ANGOLA

INTRODUÇÃO

Como alguém profundamente envolvido no desenvolvimento tecnológico de Angola, tenho observado a rica tapeçaria de conhecimentos tradicionais que permeiam a nossa cultura. Muitas vezes, esses saberes são subestimados, especialmente quando confrontados com a modernidade e a ciência ocidental. No entanto, acredito firmemente que há um potencial inexplorado nessas tradições que pode ser aproveitado para impulsionar o nosso desenvolvimento socioeconômico.

Ao longo dos anos, percebi que a integração entre o tradicional e o moderno não é apenas possível, mas necessária. As práticas ancestrais, como o uso de plantas medicinais e técnicas agrícolas tradicionais, oferecem soluções sustentáveis que podem ser adaptadas para atender às necessidades contemporâneas. Esta integração respeitosa não só preserva a nossa herança cultural, mas também promove a inovação.

Num artigo anterior , compartilho a minha visão sobre como podemos revitalizar essas tecnologias tradicionais. A Minha intenção é estimular um diálogo entre o passado e o presente, criando um futuro onde a ciência e a tecnologia sejam moldadas pelas especificidades culturais e históricas da nossa região.

POR QUE ESTA APRESENTAÇÃO?

Porque devemos enfrentar o desafio de converter os nossos Paises e todas as suas províncias em Territórios Digitais, inovadores e criativos, para aumentar a nossa competitividade, reduzir a pobreza, melhorar as condições de vida e participar ativamente num mundo globalizado a partir de qualquer lugar. Os Nossos países necessitam que os seus governantes sejam capazes de implementar processos de conceção, execução e avaliação de políticas públicas em matéria de SI-Sociedade de Informação que possam contribuir para atingir esse objectivo.

LINHAS DE DESENVOLVIMENTO ESTRATÉGICAS

A partir das regiões, dos territórios concretos, devemos ter em conta as linhas para o desenvolvimento e a implementação de Estratégias específicas para os territórios concretos, bem como os Planos de Ação Viaveis e que cumpram, realmente, o papel das TIC para o Desenvolvimento.

INSTRUMENTOS PARA O DESENVOLVIMENTO DAS POLÍTICAS

O êxito na implementação de planos estratégicos ou operacionais da Sociedade da Informação depende, em grande medida, da capacidade dos territórios para os articular em instrumentos de desenvolvimento local, ligando-os aos municípios e a outras estruturas organizacionais dos territórios.

As Mediatecas fixas e móveis que constituem a REMA-Rede de Mediatecas de Angola, bem como outros Centros (N’Gola Digital), tal como outros projectos e ações públicas* constituem-se como um instrumento de articulação de políticas públicas da Sociedade da Informação que permitem a redução de fossos digitais e a Inclusão efetiva de toda a população na Sociedade do Conhecimento, permitindo a e-Inclusãode todos os grupos populacionais, logo, fomentando a coesão social, melhorando a qualificação do capital humano e incidindo no desenvolvimento dos territórios.

Mas, por sua vez, como instrumentos de Desenvolvimento Local, intensificarão o trabalho e apoio aos cidadãos, empresas e Municípios no território como um recurso mais integrado no tecido municipal, fomentando a municipalização garantindo que os Municípios possam ter mais um recurso ao seu alcance, permitindo a capilaridade de outras políticas públicas de desenvolvimento territorial.

O VALOR ACRESCENTADO DA ReMA

As mediatecas são alavancas para o desenvolvimento de políticas da Sociedade da Informação e, adicionalmente, são impulsionadoras de um maior desenvolvimento, de criação de riqueza e emprego nos territórios, sobretudo naqueles com mais dificuldades de comunicação ou ruralidade.

O Governo da República de Angola entre os anos 2010-2017 , dirigiu os seus esforços, para a integração das TIC no país, numa tentativa de as fazer penetrar gradualmente nos diferentes âmbitos estratégicos (administração, saúde, educação…), lançando as bases para incentivar a incorporação progressiva da população angolana na Sociedade da Informação e do Conhecimento. Tanto a Rede de Mediatecas de Angola (ReMA), como a rede de Mediatecas Móveis, representam um dos expoentes máximos desenvolvidos nesta linha.

O IMPULSO DO SECTOR TECNOLÓGICO E CRIATIVO

Juntamente com os processos de incorporação de tecnologia, acesso e utilização efetiva da informação, o êxito e a melhoria competitiva do tecido empresarial também estão ligados ao fomento da cultura da inovação, à criação de novas ideias em torno das TIC e à criatividade.

Embora seja certo que as empresas devem apostar no desenvolvimento de uma cultura da inovação aberta para aproveitar a utilização das capacidades inovadoras existentes no contexto da empresa e não só no seu interior, não é menos certo que as Administrações Públicas (especialmente as locais e regionais) devem liderar a ação, proporcionando apoios, instrumentos e recursos que facilitem às empresas iniciar-se nos processos de inovação e criatividade.

AS TIC, ELEMENTO FUNDAMENTAL PARA O AUMENTO DA COMPETITIVIDADE NAS EMPRESAS

A adaptação tecnológica das empresas contribui de forma significativa para uma maior competitividade e produtividade uma vez que Transforma a gestão da sua atividade;

Permite-lhes aproveitar os benefícios relacionados com a poupança de custos financeiros e temporários;

Contribui para a melhoria da organização interna;

Possibilita uma melhor e mais frequente comunicação com o pessoal, a clientela ou associados, e as empresas fornecedoras, bem como a ampliação da sua área de influência, do seu mercado.

ADAPTAÇÃO TECNOLÓGICA: REQUISITOS NECESSÁRIOS

As empresas devem conhecer as vantagens que a utilização das TIC lhes pode trazer, aumentar o seu nível de formação e capacitação na utilização das mesmas e incorporar a utilização das tecnologias mais inovadoras e benéficas.

A digitalização do sector produtivo está, atualmente, marcada pelo êxito do comércio eletrónico e, consequentemente, é primordial que as empresas vendam produtos e serviços através da Internet, mas também que os cidadãos comprem e realizem transações económicas em linha. Este é um aspeto crucial para a evolução no nível de maturidade digital do território.

PAPEL DAS TIC NAS EMPRESAS

A adoção das TIC por parte das empresas desempenha um papel fundamental, intimamente ligado ao desenvolvimento económico e social; a maior competitividade e produtividade conseguida através da sua adaptação tecnológica conduz à criação de mais emprego e de uma melhor qualidade do mesmo. Assim, o processo de adaptação tecnológica, especialmente das pequenas e médias empresas (PME), constitui uma base importante para a melhoria da situação económica da população de cada um dos territórios.

No entanto, a introdução de novas ferramentas das Tecnologias da Informação e da Comunicação na PME, ou a modificação das existentes, tem de ser levada a cabo de forma planificada, pela ordem correta e, sobretudo, escolhendo as soluções que satisfaçam por completo as necessidades da empresa na sua etapa de desenvolvimento, sem perder de vista o objetivo final: melhorar os processos de negócio através da incorporação intensiva das TIC para tornar a empresa mais competitiva.

O primeiro passo é mostrar aos responsáveis e ao pessoal das empresas uma visão geral daquilo que as novas tecnologias podem trazer aos seus negócios, ajudando-os a entender as vantagens do negócio eletrónico, demonstrando-lhes como as Tecnologias da Informação e da Comunicação não só se aplicam também à sua empresa, como também lhes proporcionam inúmeras vantagens.

Para facilitar a sua incorporação eficaz e sem traumas na empresa é necessário, além de dar a conhecer as suas possibilidades e vantagens, mostrar o caminho a seguir, envolvendo responsáveis e trabalhadores da empresa neste processo.

CONCLUSÃO

Enfrentar o desafio de converter o nosso País e todas as suas províncias em Territórios Digitais, inovadores e criativos é essencial para aumentar a nossa competitividade, reduzir a pobreza, melhorar as condições de vida e participar ativamente num mundo globalizado a partir de qualquer lugar. Os Nossos países necessitam que os seus governantes sejam capazes de implementar processos de concepção, execução e avaliação de políticas públicas em matéria de Sociedade da Informação que possam contribuir para atingir esse objetivo.

Acredito que, ao unir forças entre o tradicional e o moderno, poderemos não apenas preservar a nossa identidade cultural, mas também criar um caminho sustentável para o futuro, onde a inovação e a tradição caminham lado a lado.

Professor Doutor Eng.º Pedro S. Teta

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