Este artigo descreve meus pensamentos nesta temática nos anos de 2016 e 2017, mas que ainda permanecem vivos e necessitando de um aprofundamento.
Existe uma crescente preocupação com a dependência do Estado angolano nas empresas que prestam serviços de desenvolvimento e gestão de bases de dados sensíveis e de sistemas críticos e sobre a segurança da informação do Estado e dos cidadãos e empresas.
Desafios
A Governação Electrónica envolve dois aspectos novos para o Estado.
- Em primeiro lugar, envolve sistemas e redes tecnológicas cada vez mais integradas – integrated network administration – para suportar processos mais transversais e colaborativos, implicando interligação de redes e dados.
- Em segundo lugar, envolve uma elevada complexidade tecnológica cujo desenvolvimento advém essencialmente do sector privado. A crescente utilização da Internet e do alojamento de bases de dados em modelo cloud aumenta a preocupação com o acesso por terceiros a bases de dados confidenciais e com a dependência do Estado em empresas privadas para gestão de informação do Estado.
Os desafios de segurança e de controlo da dependência do Estado são maiores quando as Administrações Públicas estão pouco desenvolvidas tecnologicamente em termos das suas instituições, processos e recursos humanos e decisionais.
Como deve o Executivo abordar este desafio?
Soluções
A solução preconizada é a conjugação de dois tipos de acções. Por um lado, a criação de uma entidade, pública ou público-privada, especializada na gestão de sistemas tecnológicos críticos. Por outro lado, a adopção de um conjunto de medidas que reduzam a dependência do Estado e aumentam os níveis de segurança dos sistemas críticos.
Entidade Dedicada |
Definir com detalhe o perímetro dos sistemas tecnológicos críticos do Estado e os desafios a resolver. Criar entidade dedicada, pública ou pública-privada. Definir com detalhe e rigor: •Objectivos a atingir em termos de desempenho e segurança; •Atribuições, competências e orçamento; •Níveis de serviço a garantir, remunerações e penalizações; •Desenho organizacional e operacional e inter-relação com outras entidades do Estado; •Plano de transferência para esta entidade •Plano de gestão de risco; •Suporte legal e Contratualização entre esta entidade e o Estado. |
Medidas Transversais |
Desenhar e montar Business Continuity Plans para os sistemas críticos, por forma a reduzir a dependência de terceiros; Criar o Enquadramento Regulatório e Penal que permita proteger melhor os dados do Estado e dos Cidadãos – com penalizações claras a pessoas e empresas por incumprimento da lei; Separar a “Administração dos Sistemas” e o “Acesso aos Dados” utilizando mecanismos de encriptação Realizar auditorias externas regulares aos Prestadores de Serviços de TI para o Estado; Conceber e Aprovar o Quadro Comum de Interoperabilidade da Administração Pública Angolana Definir a Política de Segurança de Informação da Administração Pública Angolana; Implementar um Programa Alargado de Capacitação dos Quadros Angolanos de TI; Definir Service Level Agreements; Reforçar os Contratos (motivos e penalizações em caso de incumprimento); Gerir os incumprimentos contratuais. |
Os Próximos Passos
Os próximos passos devem responder de forma flexível às decisões e nova informação que for surgindo.
Neste fase, recomendam-se as seguintes acções por forma a garantir implementação em 2015-2016.
- Validar preliminarmente os cenários apresentados;
- Aprofundar os cenários apresentados e o seu impacto – aprofundar o Memorando;
- Definir os Sistemas Chave do Estado e recolher informação de base sobre a sua gestão e desenvolvimento;
- Avaliar cada um dos cenários em termos legais, operacionais e financeiros;
- Definir Objetivos Concretos, um Plano de Acção e um Orçamento para o desenvolvimento das Medidas Chave para Garantir a Soberania Tecnológica;
- Obter aprovação política final •Identificar as entidades envolvidas e iniciar um processo negocial;
- Implementar a solução aprovada politicamente e negociada com os principais parceiros.
Leia também outros artigos no blog
- Soberania Tecnológica e Cibernética na Informatização da Administração Pública
- O PAPEL DAS TECNOLOGIAS DISRUPTIVAS NO DESENVOLVIMENTO DO SECTOR DAS TIC E SEU IMPACTO NA FORMAÇÃO DO ENGENHEIRO DO FUTURO
- SEGURANÇA E CRIME INFORMÁTICO
- Plano Estratégico para a Governação Electrónica
- O Papel das Redes Sociais no Contexto da Pandemia – COVID 19
Comments are closed, but trackbacks and pingbacks are open.