O mundo conheceu até agora três grandes revoluções tecnológicas e económicas em dois séculos. A primeira aconteceu de 1770-1850 com as primeiras máquinas a vapor e o surgimentos dos caminhos de ferro.
A segunda revolução foi de 1870-1910 com surgimento da aviação, do automóvel , da eletricidade e da telefonia.
A terceira revolução começou em 2000, com o surgimento das Tecnologias NBIC “Nanotecnologias, Biotecnologias, Informática e ciências cognitivas “. Esta terceira revolução veio transformar completamente a humanidade. A fusão da biologia e as nanotecnologias vai transformar o homem dando-lhe um poder fora do ser. Na Pratica as tecnologias NBIC serão uma única ciência com abordagens interdependentes.
Não há duvida que no seculo XXI a ciência será estruturada a volta da internet e da inteligência artificial. Esta abordagem vai nos levar para um mundo onde as regras alteram-se rapidamente e o grande poder da informática colocara a nossa disposição tecnologias que nem podíamos pensar a 50 anos atras.
O seculo XX foi uma época de aceleração do ritmo e da importância da inovação com grandes realizações no domínio da medicina, da tecnologia, da sociedade do consumo e finalmente da mundialização.
Com o surgimento da internet , a maioria dos sectores da actividade económica foram postas em causa e sofreram grandes transformações excepto o sector encarregue pela transferência de inteligência e da instrução, que é o sector da educação. A escola é uma excepção nesta transformação digital. Os seus métodos, sua estrutura e sua organização no essencial não mudaram a mais de um seculo.
Num mundo em que tudo mudou, a questão da transmissão do conhecimento, tornou-se um assunto primordial para analise de vários Governos a nível do mundo.
A Transmissão do conhecimento no seculo XXI já não pode ser igual aos métodos utilizados nos seculos anteriores. No seculo XXI os papeis eventualmente estarão invertidos. Será o adulto, o Professor ,o estudante e todos como um todo que devem ser iniciados no estudo das tecnologias não obstante a capacidade intuitiva das crianças em assimilar muito mais rápido estas inovações tecnológicas.
No seculo XXI, todos devem beneficiar das inovações e das novas chaves do conhecimento mundial. Contudo isto não quer dizer que os jovens de hoje e do futuro não necessitem de Professores. Para que isto aconteça e que seja mantido o importante papel do professor na sociedade , o conteúdo dos conhecimentos necessários para compreensão do mundo actual deve ser repensado.
As tecnologias NBIC tornam-se conhecimentos incontornáveis do homem honesto no seculo XXI, e neste sentido a escola enquanto centro de transmissão de conhecimentos na versão actual , provavelmente esteja completamente absoleta. A escola de hoje e suas formas de transmissão serão questionadas provavelmente nos anos vindouros. Nos próximos anos e também fruto do Covid-19, a escola vai passar por um processo de modernização accelerada , e Africa e Angola em Particular não podem ficar alheios a este movimento transformador assente nas tecnologias digitais.
A Educação e as TIC
É por meio da educação, formal e informal, que o indivíduo é capaz de se tornar um cidadão produtivo e adquirir os conhecimentos e as habilidades necessários para se adaptar a um ambiente social, político e económico, em constante mudança. As nações, em toda a África, entendem a importância da educação e estão buscando melhorar o ambiente de ensino e os métodos de aprendizagem em todas as áreas dos seus sistemas educacionais, por meio das TIC e, por maioria de razão, agora com a Covid -19, que colocou uma grande pressão na educação em todo o mundo. As TIC foram reconhecidas como uma ferramenta básica e formidável para superar as dificuldades de abertura e distanciamento nas escolas.
A educação é a força motriz do desenvolvimento nacional e parte integrante dos esforços de um país para criar uma sociedade baseada no conhecimento na era das redes.
As novas tecnologias de informação e comunicação (TICs) criaram oportunidades de aprendizagem sem precedentes e se tornaram ferramentas poderosas para a o desenvolvimento sócio – económico, com particular destaque para a educação. Essas novas tecnologias apresentam desafios adicionais, com o risco de exacerbar ainda mais a “divisão digital”, uma divisão que leva a uma maior desigualdade quer seja entre ricos e pobres, como entre países e dentro deles, no que diz respeito ao acesso à informação em tempo real, o que inibe a meta de desenvolvimento global de equidade e qualidade de educação para todos.
Professores e outros facilitadores, especialmente formuladores de políticas em todos os níveis, são forças centrais no aproveitamento das oportunidades de aprendizagem aprimoradas pelas TIC e na redução da exclusão digital, e sua capacitação. Para o uso efectivo das TIC é essencial aproveitar o potencial das novas tecnologias para reformar o sistema educativo.
O professor em sala de aula de hoje é dirigido por dois conjuntos de padrões. O primeiro conjunto define o que deve ser ensinado e quando; o segundo tem enfoque nas responsabilidades para integrar as TIC no processo de ensino-aprendizagem, responsabilidades que também envolvem a aquisição de novas habilidades e conhecimentos técnicos, bem como rever a forma como os alunos aprendem.
Para alguns professores, os dois conjuntos de padrões se fundem num plano coeso para facilitar a capacidade de aprendizagem activa e auto-dirigida dos alunos, para praticar habilidades de informação e descobrir a aprendizagem interativa e interdisciplinar.
Outros vêem os novos padrões de TIC como uma imposição de requisitos adicionais ao currículo e ao Professor. À medida que os educadores procuram integrar as TIC nas salas de aula, deve-se prestar atenção especial aos padrões relativos ao currículo geral e às TIC.
Um conjunto de padrões não pode ser considerado sem o outro. Os gestores Escolares e professores devem compreender como as TIC podem ajudá-los a cumprir os padrões estabelecidos para o currículo. Sem esse entendimento, os educadores descobrirão que se concentram apenas nas questões curriculares e as TIC só serão usadas num grau limitado.
Plano de Longo Prazo
É mais do que evidente, que para gerar grandes mudanças na prática docente, o desenvolvimento profissional deve ser contínuo e de longo prazo. Para que os educadores adquiram as competências necessárias e tenham oportunidades de refletir sobre as mudanças necessárias em suas salas de aula e de avançar para uma sala de aula centrada na aprendizagem, os organismos responsáveis pela educação devem ter planos de desenvolvimento profissional que forneçam treinamento apropriado e suporte numa base contínua. Capacitar é fundamental para que as escolas forneçam ambientes de aprendizagem ideais para os alunos no século XXI.
Embora o número de professores a serem preparados e com formação profissional nas ferramentas digitais pareça diminuta a nível do mundo , contudo podemos observar avanços significativos neste sentido. O planeamento e o uso cuidadoso dos recursos são essenciais, assim como o compromisso dos formuladores de políticas, educadores e comunidades locais de continuar avançando.
Além dos tipos de competências em TIC relacionadas a conceitos e operações, existem muitas questões sociais, de saúde, legais e éticas associadas ao uso de TIC que os professores precisam saber. Por exemplo, a facilidade de aceder a informações de fontes remotas, baixá-las para um computador pessoal e, em seguida, utilizar as informações em sala de aula traz consigo uma série de questões sociais, legais e éticas relacionadas a direitos autorais, avaliação de informações, fontes e formas apropriadas de reconhecimento de informações eletrônicas.
Questões de saúde decorrentes do uso intensivo e TIC incluem considerações de postura correta, colocação de mãos e pulsos em teclados, prevenção de cansaço visual, bem como questões de segurança relacionadas a fontes de alimentação e cuidados com o equipamento. Os professores precisam aprender a usar as ferramentas das TIC nas diferentes domínios em que ensinam. E, a partir deste estágio, os professores precisam avançar para a compreensão de como e quando usar as ferramentas de TIC para fins específicos, tanto no ensino quanto para tarefas profissionais e de gestão.
Os professores precisam ter uma compreensão clara sobre a utilidade das TIC para eles e seus alunos no processo de ensino e aprendizagem. Somados aos factores contextuais de mudança e aprendizagem ao longo da vida, outras competências tecnológicas exigidas aos professores são a necessidade de actualizar, constantemente, as suas habilidades no manuseio do hardware e de se familiarizarem com os softwares de nova geração.
As competências tecnológicas também têm uma dimensão em termos de atitude. Entre as competências em TIC exigidas aos professores, existe uma atitude positiva em relação às TIC por parte dos mesmos e uma compreensão clara da importância do uso das TIC na educação.
Competência, Habilidades e Atitude
O Professor de hoje e do futuro deve continuar na vanguarda, reforçando sua autoridade no processo de aprendizagem, mesmo que não tenha nascido no mundo digital, assim como seus alunos.
O professor actualizado deve apresentar sua contínua evolução, mostrando que domina as TICe que utilizá-as não como fim, mas como meio, para melhorar o aprendizado de seus alunos.
Principalmente no contexto actual, podemos perguntar-nos: porque não transformarmos esta situação a qual não temos controlo em uma oportunidade de melhoria em nossos processos educativos ou porque não desenvolvermos competências, habilidades e atitudes que já nos eram exigidas pela modernização da humanidade e que agora são ainda mais.
Quais serias elas?
Competências Essências
- Possuir a capacidade de pesquisa em portais e canais digitais, das melhores práticas educativas utilizadas no mundo e ser capaz de adaptá-las a realidade local ou propor a sua utilização;
- Dominar o básico necessário das TICs, transversal à todas as profissões e que poderá ser utilizada de uma forma simples e no dia a dia das aulas e futuramente na vida dos alunos. As TICs não podem ser classificadas como uma especialização, mas sim como uma ferramenta para todos;
- Saber conduzir encontros/aulas ao vivo e virtual através da internet, estimulando os alunos a participarem e permanecerem engajados durante os mesmos;
Habilidades Fundamentais
- Dominar as plataformas digitais de ensino gratuitas, como por exemplo: o Google Classroom (Google Sala de Aula);
- Dominar a utilização das agendas digitais web para realizar toda a programação das suas aulas e atividades para os alunos;
- Saber construir e enviar links de formulários on-line, no processo de entrega e recepção de testes, actividades e exercícios;
- Ter domínio e facilidade na gravação de vídeo aulas, seja com apoio de tablets, quadro brancos “ losas”, ou gravação da tela do computador com seus slides ou simplesmente em frente ao seu tradicional quadro e uma vídeo câmera, que muitas da vezes pode ser até de um SmartPhone com o devido conhecimento de posicionamento, iluminação e audio é possível ter aulas de exceletne qualidade;
- Saber construir, através de ferramentas web os questionários para serem realizadas ao vivo, melhorando a interactividade com os alunos;
- Entender e saber utilizar plenamente as plataformas de hospedagem de vídeos, para realizar o upload das suas video aulas gravadas e inclusão de links com conteúdos complementares;
Atitudes Diferenciadas
- Estar conscientemente preparado para perceber que o seu aprendizado deverá ser contínuo e que não é o detentor absoluto do conhecimento, pois os alunos também têm acesso à rede mundial de computadores e à todo tipo de conhecimento. Neste particular o papel principal será de os estimular para o caminho correto;
- Ter auto – conhecimento suficiente para gerenciar suas emoções, percebendo que o mundo mudou e o formato antigo da aprendizagem está a ser substituído pela educação 4.0 e que as crianças e jovens são extremamente activos e precisam de estímulo adequado e não de autoritarismo;
- Possuir a auto – responsabilidade como sendo uma peça fundamental na sua vida, tendo a certeza que pode contribuir com o processo todo e não apenas criticar a falta de recursos, assumindo um papel de protagonista e não de coadjuvante do seu profissionalismo;
Reflexões Principais
- Primeiramente temos que vencer a barreira psicicologica de alguns professores que pensam que: utilizar as TICs pode ser algo concorrente. Os professores não irão perder a sua autoridade como mestres do ensino ou como sendo ponto focal do processo de aprendizagem, isso se forem inovadores o suficiente para não perderem a disputa de atratividade para o Youtube por exemplo. Hoje basta você digitar: “Como fazer tal coisa …” e você obtem informações de altíssima qualidade para resolver os seus problemas no dia a dia. Temos que repensar se o modelo actual de educação, trás realmente soluções e conhecimento aplicáveis aos mundo V.U.C.A. (nota abaixo) que vivemos, ou se foi desenvolvido para a primeira revolução industrial e não foi atualizado em seus formato como a velocidade que evoluimos. Os professores devem ser os catalisadores do processo e não posicionarem-se como os detentores do conhecimento. Não há como concorrer com a internet, mas sim mostrar os melhores caminhos e atitudes para aprender e se tornar um cidadão de impacto positivo.
- Não podemos apenas transformar o ensino tradicional em ensino informatizado. Exemplos: Ao invés de quadros de giz usar quadros eletrônicos; ao invês de aulas presenciais tirar proveito das aulas por vídeo conferências. Temos que utilizar as capacidades computacionais para personalizar o aprendizado para cada indivído. Se por exemplo, um aluno tem dificuldades em ensino matemático, então terei que dar-lhe mais atenção e fornecer-lhe conteúdos, no sentido de estimulá-lo a ultrapassar este desafio, com apoio de avaliações eletrônicas e I.A “ inteligência artificial”., mas isso somente será real se os Professores e Mestres actuais estiverem dispostos a percorrer este caminho. Um professor deve ser aprendiz também, para construir um caminho junto com os mais jovens, que nascem no mundo digital.
- O ensino deve ser atractivo no período de mudanças na vida dos jovens, principalmente na adolescência pois sem isso perdemos o interesse e o foco da atenção deles para tudo mais que parece ser mais relevante e real no que tange a vida dele no dia a dia, por isso entendo que a educação, nesta fase, deve ser direcionada ao mundo prático, real e, principalmente, ao futuro tecnológico que pertence aos jovens.
NOTA: VUCA para descrever a volatilidade (volatility), a incerteza (uncertainty), a complexidade (complexity) e a ambiguidade (ambiguity) nas diversas situações e contextos.
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