Tradições e Tecnologia

Tecnologias tradicionais ou tradição e tecnologias, é um tema que se enquadra perfeitamente com o actual momento Nacional que se consubstancia com a criação do novo Ministério da Ciência e Tecnologia, quando se pensa valorizar efectivamente as tecnologias tradicionais.

A contribuição da Ciência e Tecnologia no processo do desenvolvimento económico e social foi sempre objectivo de vários estudos particulares em África. A relação dialéctica entre o desenvolvimento Tecnológico e o crescimento sócio – económico, já não tem nada por demonstrar, desde o desenvolvimento dos conhecimento tradicionais ate ao seu aperfeiçoamento contínuo, ao qual permite produzir as riquezas que hoje conhecemos em todo mundo. Estas riquezas são muito mais abundantes nos Países, que tendo em conta a sua cultura, tradições, desenvolveram e aperfeiçoaram de forma contínua as tecnologias tradicionais. O impacto da Ciência e Tecnologia é diminuto nos Países, que opondo–se à própria cultura, tentam de forma desesperada assimilar culturas estranhas. Também é verdade que a Ciência e Tecnologia pertence à humanidade sem exclusividade. Mas contudo, é importante que o seu desenvolvimento e por consequência e sua vulgarização tenham em conta os conhecimentos da cada povo dentro do seu habitat cultural. Isto é tão verdadeiro tendo em conta que a diversidade cultural não é uma fraqueza, mas sim uma força. Deste ponto de vista, o que é que se pode dizer do desenvolvimento da Ciência e Tecnologia em África e particularmente em Angola.

Mas é importante que saibamos que os Países Europeus quando começam a impor a sua presença a partir do Século XV, encontraram nas terras Angolanas, povos que tinham formas de organização social próprias e que possuíam cultura e tecnologias. De facto se a Ciência concedida tradicional, mas talvez não chegou ao estado de investigação das leis gerais e a sua verificação experimental. Aliás, também é recente na Europa, mas é evidente que como todas as sociedades do mundo, as nossas souberam elaborar tecnologias que são conhecimentos orientados para a produção dos bens e serviços. Toda e qualquer existência social implica a existência das tecnologias para a solução dos problemas e os desafios do meio ambiente. Assim é que se explica as descobertas do fogo, pesca, caça, agricultura, etc.

Durante milhares de anos, cada sociedade humana integrou necessariamente e duma maneira harmoniosa a Ciência e Tecnologias e Culturas, ou mais exatamente a cultura de cada povo integrou a Ciência e Tecnologia. A Ciência e a Tecnologia eram apropriadas ás condições de vida de cada de cada tempo, já que não se procuraram soluções que estivessem relacionados com os problemas encontrados ou então com situações ou fenómenos vividos.

As tecnologias que nos foram transmitidas, entregues, transferidas ou recebidas de uma forma automática de gera em geração são as consideradas tradicionais. Durante séculos a Ciência e as tecnologias faziam – se de forma gratuita e fecundaram onde as condições eram mais favoráveis. Nesta altura as Sociedades ainda não se classificavam em desenvolvidas ou sub– desenvolvidas.

CONFLITOS E TENSÃO NA TRANSMISSÃO DE TECNOLOGIAS

No processo inicial de colonização, os invasores dispunham de uma certa superioridade militar graças ao seu armamento, que veio facilitar a ocupação de terras que eles colonizaram. Contudo e de recordar que as armas de fogo foram uma INOVAÇÃO técnica que a e Europa foi buscar da Ásia, nomeadamente da China, que até uma boa compreensão do que se passou durante toda a época colonial e uma análise profunda das relações da Ciência e Tecnologia e a evolução histórica dos povos autóctones, e atendendo os novos hábitos culturais assimilados pelos Angolanos após a colonização, faz – nos facilmente compreender os conflitos e tensões que existiram no encontro de duas culturas, sobretudo quando uma pretende dominar a outra.

Os conhecimentos locais porque não correspondiam coma lógica Europeia foram consideradas como mentalidade, foram pura e simplesmente ignorados ou desprezados, impondo – se a cultura Europeia.

Por razões culturais, económicas os povos mantiveram as suas próprias tecnologias indo assimilando a adaptando algumas exógenas, aproveitando da Ciência e Tecnologia Universal.

A Ciência e Tecnologia contudo apresentaram – se sob forma de inovação para melhor explorar as riquezas, não entrando na cultura dos povos colonizados mantendo – se exogéneas.

Se por um lado os colonizadores ignoraram as tecnologias tradicionais dos colonizados, por outro estas foram salvaguardadas pelos autores porque continuaram a resolver problemas no meio rural, pois correspondiam com a mentalidade, a capacidade financeira das populações. Muito outros produtos ditos modernos e tecnologias importadas não apareciam ou não se mostraram adequados ou até funcionais por falta de quadros formados naquelas técnicas ou não adaptaram as condições climáticas e condições locais.

Várias são as tecnologias tradicionais que já vêm de gerações:

  • Tipos de agriculturas e cultivos, criação animal, adubos, protecção de plantas…
  • Industrias alimentares, produção de óleos e tecnologias alimentares de conservação de alimentos.
  • Exploração mineira, de ouro, cobre, ferro…
  • Metalurgia e construção metálica, fabrico de utensílios fabrico de flechas…
  • Construção de casas..
  • Medicina tradicional e farmácia…
  • Indústria têxtil…
  • Produção de cosméticas, pomadas e perfumes..
  • Produção de bebidas alcoólicas…
  • Energia, produção de carvão, lenha fogueira,…

E tantas outras pequenas tecnologias tradicionais que podemos encontrar sobretudo no meio rural e até tipos de serviços comercial que vem do passado.

VALORIZAÇÃO DAS TECNOLOGIAS TRADICIONAIS

Portanto como podemos notar, ao lado das tecnologias exógenas, existem tecnologias endógenas ditas tradicionais. Muito dos conhecimentos tradicionais não perderam a sua eficiência. É o caso particular da medicina dita tradicional, com a ameaça que a civilização industrial faz pesar sobre a saúde física e mental do homem, com a toxicidade, a fitoterapia ( as plantas tradicionais) estão a ganhar preferencia.

Mas devemos considerar que em qualquer civilização, a tradição comporta elementos positivos e outros negativos e também devemos ter em conta a evolução, o que convém um dado período não convém num período posterior.

O que é importante para nos é valorizar os conhecimentos tradicionais reconhecimentos como valor. Devemos aplicar os métodos científicos actuais para verificar as práticas tradicionais, desenvolver se fôr o caso e até melhorá – las. Por exemplo, sabemos que o XYLOPIA ACTHIOPICA, KABELE em Kimbundu, NKULA em tradicional em Angola e usada nos casos de reumatismo e como estimulante. Esta planta foi valorizada pelos investigadores Nigerianos e Ganeenses, de facto o seu estudo revelou que a planta contém o ÁCIDO XILOPICO que tem propriedades antimicrobianas contra os ESTAPILACOCOS e BACILIOS.

Portanto, o papel da investigação é de estudar as diferentes tecnologias tradicionais e melhorar tendo em conta as condições locais; Escolher tecnologias apropriadas e elaborar conhecimentos novos. Onde não existem tecnologias tradicionais vantajosas, não devemos hesitar de importar tecnologias. A própria Europa no seu renascimento dispôs de um conjunto de conhecimento e de tradição lógica proveniente de todas as partes do mundo, EGIPTO, GRÉCIA, ÍNDIA, CHINA, sobretudo na geografia, astronomia, matemática, química, medicina, navegação, etc..

A longo e mesmo a curto prazo o que é importante é a produção dos conhecimentos dos apropriados, valorizado os tradicionais, adaptando as exógenas, para a solução dos problemas da Sociedade e o desenvolvimento sócio – económico e cultural de Angola.

TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA

Angola carece de uma atmosfera Tecnológica propícia para uma adequada transferência de tecnologia. Tal situação associada a falta de recursos humanos, pode levar aos fracassos para absorção de tecnologias importada. Numa Economia expandida e modernizadas, as exigências pelos profissionais qualificados são consideráveis e será difícil e oneroso satisfazê – las apoiando – se apenas na força de trabalho estrangeira. Daí, a formação dos quadros Angolanos, a níveis nacional, regional e internacional para se atingir uma qualificação elevada torna – se importante, necessária e urgente com vista a assegurar a transferência de tecnologia apropriadas as condições locais. A Ciência e a Tecnologia, constituem o motor do progresso e há incontestavelmente uma correlação entre o progresso económico e social e o grau de desenvolvimento da Ciência e da Tecnologia. Nesta base, se os Países Africanos e particularmente Angola, quiserem assegurar a sua independência no domínio da ciência e Tecnologia devem reforçar as infra-estruturas correspondentes, e construir a sua própria capacidade Nacional de Investigação e desenvolvimento Tecnológico. Isto implica um pleno reconhecimento do princípio de que a ciência e a tecnologia fazem parte integrante da educação a qual cada cidadão Angolano tem direito. A Educação em Angola, sofre ainda de certas sequelas de influência colonial. Assim sendo no nosso País negligencia – se a formação em relação ao explica o atraso relativo a região neste domínio, e a nossa dependência em relação ao exterior. É necessário e urgente familiarizar os nossos alunos, desde o primeiro ciclo, com os programas de Ciência e Tecnologias tendo em conta que todas as formas suscetíveis de ajudar os jovens a adquirir melhor compreensão do mundo moderno, tem para eles um grande interesse

Artigo escrito em 17 de junho de 2006

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